A RESPIRAÇÃO BUCAL E SEUS EFEITOS NA DENTIÇÃO
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A boca faz parte do chamado sistema estomatognático que compreende diversas estruturas como dentes, periodonto, articulações (ATM), ossos da maxila e mandíbula, além de músculos e nervos faciais. Como principais funções desse sistema temos a mastigação, deglutição, fonação, respiração e postura. Tais funções estão diretamente relacionadas com o adequado desenvolvimento da face e da dentição, ou seja, alterações de algumas destas funções durante a fase de crescimento da criança podem gerar problemas no posicionamento dos dentes e dos ossos.
Neste contexto, a respiração bucal merece destaque pela alta incidência com que se apresenta nos consultórios. Uma respiração correta é aquela em que a passagem do ar, tanto na entrada como na saída, ocorre pela cavidade nasal (nariz). Quando esta passagem é diminuída ou bloqueada por alguma barreira mecânica, a criança passa a respirar pela boca e não mais pelo nariz: é a conhecida RESPIRAÇÃO BUCAL. Entre as causas mais freqüentes da obstrução das vias aéreas encontram-se a hipertrofia (aumento) das amígdalas e adenóides, rinites alérgicas, desvio do septo nasal, hipertrofia dos cornetos nasais, além de pólipos e processos tumorais. A respiração realizada através da boca pode gerar desde um problema dentário até alterações posturais e problemas com sono e de comportamento. O tratamento, portanto, necessita de uma abordagem com profissionais de diversas áreas como a ortodontia, otorrinolaringologia, fonoaudiologia, fisioterapia e até psicologia.
O respirador bucal geralmente apresenta um “ar” de cansado, com olheiras profundas e, devido ao fato da boca estar quase sempre aberta para respirar, os lábios ficam entreabertos e ressecados. O desequilíbrio muscular causado pela respiração bucal pode levar à instalação de algumas alterações no posicionamento dos dentes e da maxila e mandíbula. As más oclusões mais comuns associadas ao paciente que respira pela boca são a mordida aberta anterior (ausência de contatos entre os dentes da frente), a mordida cruzada posterior (inclinação incorreta dos dentes de trás) e atresia da maxila (“céu da boca” estreito e profundo). Estas alterações são prontamente corrigidas pelo ortodontista desde que sejam identificadas e tratadas numa época oportuna. Quanto mais cedo for realizada esta intervenção, mais fácil será o tratamento e mais estáveis serão os resultados obtidos. A correção na idade adulta torna-se mais complexa e com menor estabilidade, muitas vezes necessitando de algum procedimento cirúrgico.
É importante ressaltar que o tratamento ortodôntico apenas corrige o posicionamento dos dentes devolvendo uma mordida normal ao paciente, porém, sem resolver o problema da respiração bucal. Somente um tratamento multidisciplinar é que pode restabelecer as funções normais do paciente como um todo, melhorando sua saúde e qualidade de vida.
Dr. Roberto Bombonatti Ortodontista – Mestre e Doutor em Ortodontia (USP-Bauru)